O Tijolo de Ouro
O sujeito era mão-de-vaca mesmo. Unha-de-fome como só ele. Passou a vida inteira gastando só o mínimo necessário, explorando seus empregados, privando os filhos até do essencial e juntou uma verdadeira fortuna. Com ela, comprou um grande tijolo de ouro. Ali estava o tijolo. Resultado de toda uma vida de avereza, de sovinice, de munhequice. O sujeito ficava até vesgo olhando para o tal tijolo. De noite, foi para o quintal, sorrateiramente. Abriu um buraco e enterrou lá o tijolo de ouro. Foi dormir e sonhou com seu tijolo. Daquele dia em diante, toda hora que podia ele ia até o quintal ficava olhando para o lugar onde enterrara o tijolo, namorando a terra como se ela fosse a moça mais bonita do mundo. Olhava e suspirava, olhava e suspirava. Passaram-se anos. Todos os dias era a mesma coisa. Assim que tinha um tempinho, lá ia o avarento espiar e suspirar para a terra. Tanto olhou, tanto suspirou, por tantos anos em torno do mesmo lugar, que acabou chamando atenção de um vizinho ficava de olho no avarento e desconfiou de tantos olhares apaixonados a de tantos suspiros. Uma noite, o vizinho pulou o murro, cavou a terra e roubou o tijolo de ouro. No dia seguinte, o pobre do avarento ficou louco. - Roubaram meu tijolo de ouro! Roubaram meu tesouro! Roubaram minha vida! Todos na redondeza correram para casa do sujeito ao ouvir tamanha gritaria. Depois de em meio a soluços e lamentações, o avarento consegui contar o que tinha acontecido, um velho perguntou: - Mas por que você não deixou o ouro em casa, para ir gastando aos poucos? - Gastando?! Ficou maluco? Senhor acha se quer eu ia gastar um grãozinho do ouro que me custou tanto para juntar? - Nesse caso meu amigo - aconselhou o velho - enterre uma pedra qualquer no lugar do tijolo de ouro. E venha toda hora olhar o mesmo lugar e suspirar como sempre fez. Tanto faz se dentro do buraco tem uma pedra ou um tijolo de ouro. Para o senhor, a serventia é a mesma, não é?
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